Hoje.... sinto-me....
.....destruida.
Mama, como gostava que não tivesses esta doênça.
Estou cansada dos teus altos e baixos.......
estavas tão bem!!!!!! Porque é que deixaste de tomar a medicação????? Porra, são só umas gotas!!!!!!!
Agora, tenho de recomeçar esta luta contra a tua doênça.
Estou farta de recomeçar outra vez e outra vez..............e outra vez.
Mama, por favor,....... não me faças sofrer mais.
Queria tanto
Alguém para me ouvir.......
Para ti...........
Música Calada
Dizias que nos sobram as palavras:
e era o lugar perfeito para as coisas
esse escuro vazio no teu olhar.
E demorava a dura paciência,
fruto do frio nas nossas mãos vazias
que mais coisas não tinham para dar.
Dizia então a dor o nosso gesto
e durava nas coisas mais antigas
a solidão sem rasto que há no mar.
Luís Filipe Castro Mendes
Poesia Reunida (1985-1999)
Lisboa, Quetzal, 1999